quinta-feira, 5 de julho de 2007

ENTREVISTA- AL GORE, CHAMA PACTO CLIMÁTICO DOS EUA DE VERGONHOSO

Por Michelle Nichols

NOVA YORK (Reuters) - O ex-vice-presidente norte-americano Al Gore criticou os Estados Unidos e alguns dos países mais poluidores do mundo por selarem, em separado do restante do globo, o que descreveu como sendo um pacto vergonhoso.
Esses países -- além dos EUA, a Austrália, a China, a Índia, a Coréia do Sul e o Japão -- precisam unir-se ao resto do mundo em um novo acordo de combate ao aquecimento da Terra, afirmou Gore em uma entrevista concedida antes dos shows do Live Earth, marcados para acontecerem no sábado e que visam chamar atenção para o problema.
Ele revelou ter dúvidas sobre as manobras recentes feitas pelos EUA e pela Austrália, dois países que rejeitaram o Protocolo de Kyoto. Ambos criaram um pacto com mais quatro integrantes chamado Parceria do Pacífico e da Ásia para o Desenvolvimento Limpo e o Clima.
"Com o devido respeito, acho que a iniciativa Pacífico-Ásia parece-se mais com uma postura do tipo vilarejo de Potemkin", afirmou Gore, referindo-se aos vilarejos de mentira queimados pelo general Grigory Potemkin na Criméia, em 1787, a fim de impressionar Catarina, a Grande.
"A parceria foi elaborada por dois países desenvolvidos que, sozinhos, ignorando a comunidade internacional, recusaram-se a ingressar no Protocolo de Kyoto", disse o ex-vice-presidente, cujo documentário "Uma Verdade Inconveniente", sobre o aquecimento global, ganhou neste ano dois prêmios Oscar.
O Protocolo de Kyoto obriga 35 países ricos a diminuírem, até 2008-2012, suas emissões de gases do efeito estufa para um nível 5 por cento abaixo do registrado em 1990.
O acordo deixa de vigorar em 2012. E, em dezembro próximo, devem começar as negociações a serem lideradas pela Organização das Nações Unidas (ONU) e cujo objetivo é discutir um pacto substitutivo.
Segundo Gore, o Live Earth pretende mobilizar pessoas do mundo todo a fim de que pressionem seus governos a adotar um novo tratado até 2009 -- um pacto capaz de diminuir a poluição responsável pelo efeito estufa em 90 por cento nos países ricos e, até 2050, em mais de 50 por cento no restante do mundo.
"EMERGÊNCIA PLANETÁRIA"
"Estamos diante de uma emergência planetária", afirmou. "A solução desse problema será boa para a economia e será boa para nós. Mas não podemos esperar mais tempo para agir."
Os shows do Live Earth estão marcados para acontecer em Johanesburgo, Londres, Nova York, Xangai, Sydney e Tóquio. O evento também estava programado para ocorrer no Rio de Janeiro, mas, por enquanto, está suspenso por uma liminar, devido a preocupações com falta de segurança.
Os EUA e a Austrália recusaram-se a ratificar o Protocolo de Kyoto argumentando que os cortes compulsórios na emissão de gases do efeito estufa prejudicariam suas economias. E argumentaram também que o acordo cometeu um erro ao não impor limites obrigatórios para grandes países em desenvolvimento, como a China e a Índia.
Segundo Gore, os EUA "deparam-se com sua maior oportunidade de liderar o mundo (nesses esforços)".
"Mas, até agora, continuam a ser os maiores responsáveis pelo problema, apesar de a China estar caminhando para superar os EUA."
A Agência de Avaliação Ambiental da Holanda afirmou no mês passado que a China havia ultrapassado os EUA na qualidade de maior emissor de gás carbônico do mundo. O gás carbônico é o principal entre os gases do efeito estufa.



PETROBRÁS REJEITA ACORDO PARA EMISSÃO DE CO2

A Petrobras não vai aderir a um compromisso firmado entre 150 multinacionais para reduzir as emissões de CO2, um dos principais responsáveis pelo aquecimento global. A partir de hoje, as maiores companhias do mundo se reúnem na sede da ONU para discutir sobre como o setor privado pode contribuir para a redução dos níveis de pobreza, o respeito aos direitos humanos e a proteção ambiental.
A ONU confirmou ao jornal O Estado de S.Paulo que a Petrobras foi procurada para que fizesse parte da iniciativa ambiental. Mas, com planos de dobrar sua produção de petróleo em dez anos, a companhia optou por não aderir ao compromisso. Na conferência, a empresa deve insistir que seus investimentos em etanol são parte da solução ambiental.
O compromisso que será assinado em Genebra incluirá empresas como Repsol, a mineradora Rio Tinto, Unilever, ABB, Airbus, Alcan, Bayer, Dupont e Coca-Cola. A Brasil Telecom é uma das companhias nacionais que vão aderir à iniciativa. O acordo não fala em metas de redução de emissões e apenas cita o compromisso do setor privado em "diminuir" o volume de CO2 emitido nos próximos anos. Nem assim a Petrobras aceitou fazer parte do acordo. A Petrobrás, que será representada por seu presidente, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, promete apresentar o etanol como uma "evolução para uma matriz energética mais limpa, com benefícios ambientais e avanços sociais". O encontro entre Genebra será o maior evento entre lideranças empresariais já promovido pela ONU e cerca de 3,8 mil executivos farão parte dos debates. Mas organizações não-governamentais (ONGs) como Greenpeace e Anistia Internacional, acusam o encontro de ser uma plataforma de marketing para as empresas e que, na realidade, poucas estão tomando algum tipo de providência para contribuir para o meio ambiente ou redução de pobreza.

PETROBRÁS APRESENTARÁ PROPOSTA PARA REDUÇÃO DE CO2

A Petrobras apresenta amanhã em Genebra uma alternativa à iniciativa da ONU de reunir 150 multinacionais dispostas a reduzir emissões de CO2. As empresas assinam amanhã um compromisso de limitar emissões, mas a Petrobras ficará de fora. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli de Azevedo, alegou que não teria como reduzir o conteúdo carbônico de seu produto. A empresa garante que está tomando medidas para evitar emissões de 18 milhões de toneladas de CO2 equivalente até 2011. Em 2006, emitiu 50 milhões.
Por que a Petrobras não aderiu?
O compromisso é muito importante e representa um avanço nas questões climáticas. Mas temos um problema físico. O acordo pede que se reduza o conteúdo carbônico. Sugerimos que o texto fosse mudado e que a redução fosse da intensidade de carbono em nossos produtos. Não posso reduzir o conteúdo de carbono do petróleo.
O que pode ser feito?
Vamos produzir outros combustíveis, estimular o mercado de etanol e biodiesel, seremos mais eficientes em outros processos.
E na ONU, o que fará a Petrobras?
Proporemos um fórum para discutir as diferenças e políticas para cada setor. Uma coisa é falar da redução em um banco. Outra, em uma petrolífera. Nem todas as petrolíferas assinaram (o compromisso). As informações são de O Estado de S.Paulo.