quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Vitória dos aposentados: CCJ da Câmara aprova fim do fator previdenciário

17/11/2009
A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados
aprovou nesta terça-feira (17) o fim do fator previdenciário, método
usado atualmente para calcular o valor de aposentadorias reduzindo
o seu valor. A votação, por consenso, significa uma grande vitória da
CTB, Cobap, Nova Central, UGT e FST, entidades que rechaçaram o
"acordão" da Previdência proposto pelo governo Lula e acatado por
três outras centrais (CUT, FS e CGTB).


Foto: Agência Câmara
Aposentados acompanham votação na CCJ da Câmara

O "acordão" recriava o fator, amenizado, com outro nome (85-95).
A CTB reiterou o apoio à proposta do senador Paulo Paim,
que simplesmente põe um ponto final ao famigerado fator previden
ciário criado pelo governo FHC em 1999 e restabelece os critério
anteriores para a concessão de aposentadorias e pensões.
Tal proposta foi aprovada por unanimidade pelo Senado e,
agora, uma vez definida a posição da CCJ, deve ir ao plenário
da Câmara.
A luta continua o governo já adianta que pretende
mudar o texto em plenário para incluir um novo cálculo, de
forma que a luta contra o fator não acabou. Criado em
1999 no governo Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de
reduzir os benefícios de quem se aposenta antes das idades
mínimas ou obrigá-los a trabalhar mais tempo, o fator previdenciário
leva em conta quatro elementos: alíquota de contribuição, idade do
trabalhador, tempo de contribuição à Previdência Social e expectativa
de vida. Quando o projeto que elimina o fator foi aprovado no Sena
do no ano passado, o ministro da Previdência, José Pimentel, chegou
a dizer que o impacto no orçamento poderia ser de até 5% do Produto
Interno Bruto (PIB).
No final das contas, o fator previdenciário
funciona como um redutor do valor das aposentadorias,
arrochando os benefícios em cerca de 40%. O governo já chegou a apre
sentar uma proposta concreta para a substituição do fator. A proposta
é o chamado modelo "95/85", formulada pelo deputado Pepe Vargas
(PT-RS). Nesta fórmula, seria somada apenas a idade do cidadão ao
seu tempo de contribuição para a previdência. Para os homens, a soma
teria de ser 95 para o recebimento do teto da aposentadoria, enquanto
para as mulheres o resultado seria de 85. A sugestão foi rejeitada pela
CTB, pela Cobap, Nova Central, UGT e FST (Fórum Sindical dos Trabalha
dores), que a consideraram um retrocesso em relação ao projeto
do senador Paulo Paim, uma vez que dificulta a aquisição de aposenta
dorias por muitas categorias e prejudica principalmente quem ingressou
mais cedo no mercado de trabalho e os assalariados sujeitos a um alto
grau de rotatividade no emprego.


Alternativa

Na CCJ foi analisada apenas a constitucionalidade do fim do fator. O
relatório inicial de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) aprovava o fim do f
ator, mas recusava a proposta de Pepe, que sequer virou ainda
projeto ou substitutivo ao texto. Para fazer um acordo, Arnaldo aceitou
retirar de seu parecer referências ao texto do petista.


O deputado José Genoíno (PT-SP) encaminhou voto favorável ao fim
do fator, mas já adiantou que o governo vai buscar uma alternativa. "No
plenário nós vamos enfrentar essa questão e apresentar uma alternativa,
sendo esta proposta pelo Pepe ou outra, o que posso dizer é que não vai
ficar só o fim do fator".


O tucano Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) também defendeu o fim do
fator e fez uma espécie de "mea culpa" por seu partido ter participado da
criação do sistema. Ele afirmou, no entanto, que a idéia era que o fator
durasse só um tempo e servisse para evitar uma corrida atrás de
aposentadorias quando foi proposta a reforma da previdência no governo
FHC. "O fator previdenciário tinha vida efêmera e acabou sendo
prorrogado indefinidamente no governo atual".


A votação na CCJ foi comemorada pelos dirigentes da CTB como uma
ótima notícia para a classe trabalhadora. "O fator é uma das heranças
malditas do governo neoliberal de FHC", salientou o presidente da
Central, Wagner Gomes. "Continuaremos lutando em defesa do fim
do fator previdenciário, embora estejamos abertos a debater uma
alternativa", arrematou.


Portal CTB, com agências

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