domingo, 7 de dezembro de 2014

AARGPI AGORA É ENTIDADE DE UTILIDADE PÚBLICA ESTADUAL

A AARGPI - Associação de Amigos do Rio Grande do Piauí no dia 17 de novembro de 2014 passou a ser uma entidade reconhecida de Utilidade Pública do Estado do Piauí. A Lei nº 6.558 de 17 de novembro de 2014 foi Publicada no Diário Oficial do Estado do Piauí. Através de um projeto de Lei proposto pelo Deputado Wilson Brandão foi aprovada na Assembléia Legislativa e Assinado pelo Governador José Filho. Após ser habilitada no dia 26 de setembro de 2014 pelo Ministério das Cidades para construção de casa pelo PIS - Programa de Interesse Social do Governos Federal. A AARGPI agora Entidade de Utilidade Pública do Estado do Piauí, está habilitada a operar parcerias com o Estado e Municípios e levar pra nossa cidade mais atividade e projetos para a nossa comunidade.

Associação Habilitada pelo Ministério das Cidades para construção de casas


Foi publicado no diário oficial da União Nº 186, sexta-feira, 26 de setembro de 2014 ISSN 1677-7042 81 - Aprovação e Habilitação da Associação de Amigos do Rio Grande do Piauí para construção de Casas pelo Programa de Interesse Social baseado na Portário 247 do Ministério da Cidade. Estamos aguardando a assinatura do contrato para iniciar o cadastro e seleção para construção das casas no Rio Grande do Piauí.

domingo, 30 de novembro de 2014

Quais são as camadas da atmosfera?

A pergunta foi feita pela leitora Ana Caroline Bernardino, de Orlândia-PR. Veja a resposta da redação da revista Mundo Estranho
Diego Garcia 
Mundo Estranho

São  elas: troposferaestratosferamesosfera,termosfera exosfera. Juntas, as cinco compõem a atmosfera, camada gasosa que envolve a Terra e é responsável, entre outras coisas, por manter o equilíbrio térmico do planeta, proteger contra o impacto de meteoros e filtrar os raios ultravioleta. 
A diferença entre cada uma das camadas é, basicamente, de temperatura e altitude. Mas cada uma guarda suas peculiaridades.

1. A FAIXA DA VIDA
Nome
: Troposfera
Altitude: De 0 km a 18 km
Temperatura: Até -60°C, nas partes mais altas
Concentra as maiores quantidades de gases indispensáveis para os seres vivos: 78% de nitrogênio, 21% de oxigênio e 1% de gás carbônico. Nela, ocorrem os fenômenos meteorológicos, como chuvas e ventos. E é por ela que transitam aviões, helicópteros, balões etc.

2. FILTRO SOLAR
Nome
: Estratosfera
Altitude: De 18 km a 50 km
Temperatura: De -60°C a -80°C
Nela está a camada de ozônio, responsável por filtrar a radiação ultravioleta emitida pelo Sol. O famoso "buraco", na verdade, é a rarefação do ozônio e fica concentrado na Antártida, levado por fortes correntes de ar.

3. PELÍCULA PROTETORA
Nome: Mesosfera
Altitude: De 50 km a 80 km
Temperatura: De -10°C a -100°C
Protege a Terra de meteoros. Eles caem a uma velocidade de 65 mil km/h, mas explodem ao encontrarem o atrito dessa fatia, aliado à baixa temperatura. Nela também se formam as intrigantes nuvens noctilucentes: compostas por minúsculos cristais de gelo que só são visíveis quando iluminados por baixo, no pôr do sol.

4. CAMINHO PARA O SOL
Nome: Termosfera
Altitude: De 80 km a 300 km
Temperatura: Pode chegar a 1.000°C
Nessa camada o ar já é muito rarefeito. É aqui que o vento solar é interceptado pelo magnetismo da Terra e direcionado para os polos, o que forma a aurora boreal. É também onde fica a ionosfera, faixa carregada de íons e que recebe e transmite as frequências do rádio.

5. LACRE ESPACIAL
Nome
: Exosfera
Altitude: De 300 km a 600 km
Temperatura: 1.000°C
É a transição entre a atmosfera e o espaço, por isso, vai terminando gradualmente até virar só espaço sideral! Nessa camada ficam os satélites espaciais que orbitam a Terra. Como o ar é extremamente rarefeito, a temperatura chega a 1.000 oC. Mas não se assuste: devido à rarefação, o calor não se propaga.

Consultoria: Claudia Marques Rosa, bióloga
Fonte: Livro Geografia Crítica Vol. 1, de J. William Vesentini

Escolha os nomes dos mascotes das Olimpíadas 2016, defensores do esporte e do meio ambiente

Eles são muito coloridos, divertidos e cheios de poderes mágicos. Representam a rica biodiversidade do Brasil e foram escolhidos como embaixadoras dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Um é resultado da mistura de várias
espécies de animais, o outro de plantas das florestas brasileiras e ambos ainda não têm nome. Que tal você ajudar a escolher o que mais combina com cada um?

Durante a Copa do Mundo, o Brasil teve como símbolo nacional um simpático tatu-bola,espécie ameaçada de extinção escolhida para nos lembrar de preservar a natureza. Mal Fuleco (nome infeliz, resultado da mistura de futebol com ecologia) saiu de cena, chegaram outros dois mascotes superlegais, também amigos do esporte e do meio ambiente. Os embaixadores dos Jogos Olímpicose Paralímpicos têm muitas cores, poderes mágicos, histórias para contar e até vídeo, mas ainda não têm nome.

Quando o Rio de Janeiro foi escolhido para ser a sede dos Jogos, em outubro de 2009, houve uma grande explosão de alegria que criou esses dois seres mágicos. Cada um tem poderes herdados da força da natureza que, no caso do Brasil, é muuuuito grande. Nossa biodiversidade é a maior do mundo, não tem nenhum país com tanta riqueza natural quanto o nosso. E o que acontece quando todos os poderes da fauna e da flora são reunidos em dois personagens espertos? Conheça melhor cada um deles para escolher o nome mais legal!

O símbolo da edição de 2016 dos Jogos Olímpicos é um animalzinho que mistura um pouco de todos os bichos do Brasil, por isso, tem muitas habilidades: pula bem alto, corre bem rápido e pratica muitos esportes. Ele consegue se esticar muito, muito mesmo, a ponto de ficar com as patinhas de um lado do Maracanã e a cabeça do outro. Ele vive brincando por aí e tem muitos amigos pelo mundo, pois sabe imitar a voz de todos os animais. Por ser muito comunicativo, sua missão é celebrar a paz entre os povos e contagiar as pessoas com sua animação. Não parece ser um ótimo anfitrião para receber atletas e torcedores de diferentes países?

Seu melhor amigo é o mascote dos Jogos Paralímpicos Rio 2016, um ser mágico que reúne qualidades de todas as plantas das florestas brasileiras. Dá para imaginar quais poderes ele tem? As plantas crescem em direção ao sol, superando qualquer obstáculo, e é isso que ele faz de melhor. Apaixonado por esporte, ele consegue tirar coisas de dentro da cabeça (de ideias brilhantes a objetos) para resolver qualquer problema: quanto mais radical o desafio mais divertido fica. Sua missão é usar a criatividade e a determinação para ir mais longe e se divertir. 

As opções de nome são: 
Oba e Eba, que são expressões de alegria e comemoração; 
Tiba Tuque e Esquindim, que lembram o gingado brasileiro e 
Vinicius e Tom, em referência a dois famosos artistas da música brasileira, Vinicius de Moraes e Tom Jobim. 

Qual nome combina mais com o perfil dos personagens, na sua opinião?

Você já pode votar pelo site das Olimpíadas. O nome escolhido será divulgado no dia 14/12. Ah, no site é possível ver o vídeo de apresentação dos personagens também. Participe!

A comunidade no mapa

As favelas brasileiras não aparecem no Google Maps. Mas isso começa a mudar com a geolocalização de ruas, vielas, becos e do comércio da Favela da Rocinha, no Rio De janeiro. Conheça o projeto digital Tá no Mapa!


Encontrar a casa da jovem Mariana Queiroz na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, não é nada fácil. O visitante deve pegar uma mototáxi ou uma van até a rua 1. De lá, seguir por um caminho chamado Terreirão. Subir até encontrar a creche da dona Elisa. Continuar subindo até a escola Ibi. Depois, é só perguntar a qualquer pessoa que esteja passando onde mora a Mariana e ter a sorte de a indicação estar correta. É usando referências como essas que muitos moradores da Rocinha explicam como chegar a um endereço.

Mas Mariana tem a oportunidade de ajudar a mudar isso. Ela faz parte do projeto Tá no Mapa!, uma iniciativa do grupo cultural AfroReggae* em parceria com a agência de publicidade JWT e o Google para colocar as comunidades cariocas no mapa digital mais usado em todo o mundo, o Google Maps. Em breve, qualquer pessoa poderá encontrar casas, ruas, vielas, travessas, becos, estabelecimentos comerciais e pontos turísticos das favelas da Rocinha, do Vidigal e do Complexo do Caju por meio da maior plataforma de buscas da web. O mapeamento está sendo feito com a ajuda dos próprios moradores. O AfroReggae recrutou jovens da comunidade para coletar os dados, dando a eles uma oportunidade de trabalho temporário.

Com óculos de sol, tênis confortáveis e um smartphone, Mariana, 22 anos, faz parte do grupo que passa até 6 horas por dia caminhando pelas vielas da comunidade. Ela e seus colegas receberam treinamento da equipe do Google para aprender a usar as ferramentas. "Vimos como funciona todo o processo em detalhes", diz Mariana.

Para colocar uma área no mapa é preciso tirar uma foto com o celular e inserir informações básicas, como nome da rua, no Map Maker Mobile Buddy, aplicativo paraAndroid criado pelo Google para que qualquer usuário possa ajudar a aprimorar o mapa de uma região. Depois, esses dados são editados com o Google Map Maker e enviados para a aprovação da equipe técnica do Google. Ao fim do processo, todas as áreas estarão publicadas no Maps.

O Tá no Mapa! foi lançado no início de 2013, com testes em Parada de Lucas, comunidade com mais de 20 mil habitantes na zona norte do Rio de Janeiro. Com o slogan "Quebrando o muro entre a favela e a cidade", o projeto busca integrar e reconhecer essas áreas como parte da cidade. "Os moradores vivem aqui há gerações, e o fato de saber que estão sendo referenciados numa ferramenta global passa uma sensação de reconhecimento", afirma Renato Herzog, integrante do AfroReggae e coordenador do projeto. "Mas para mapear as áreas é preciso ter pessoas que saibam circular pela região. O AfroReggae tem esse poder de articulação com as lideranças locais e identificou essas pessoas." A previsão é que o mapeamento dure cerca de dois meses e meio.

Foi depois da experiência em Parada de Lucas que o AfroReggae ganhou o apoio do Google para mapear outras comunidades. Referência em ações de inclusão nas favelas cariocas, a ONG surgiu na época em que ocorreu a chacina de Vigário Geral, em 1993. A partir daí, começou a promover atividades artísticas e culturais para afastar os jovens da violência. Hoje, o grupo tem núcleos em Vigário Geral, Morro do Cantagalo, Parada de Lucas e, em 2013, chegou a São Paulo.

A Rocinha é uma das maiores favelas da América Latina. A associação dos moradores estima que sejam mais de 180 mil os habitantes, confinados em 878 mil metros quadrados que fazem limite com os bairros da Gávea, de São Conrado e do Vidigal. Em suas ruas há um intenso movimento de carros, caminhões e motos, como o que acontece no comércio das grandes cidades. "Estava praticamente sozinho nesta rua", diz Raimundo Moacir, que abriu a primeira loja em 1974, no Caminho do Boiadeiro. Hoje dono de uma loja de calçados e roupas chamada Itatira, Moacir está cercado de novos empreendimentos. Um ponto comercial na região pode custar até 5 mil reais por mês.

Apesar de toda a atividade comercial, e de ter conquistado o status de bairro em 1993, quem procura por "Rocinha" no Google Maps encontra um espaço praticamente em branco, com destaque apenas para uma rua principal, a Estrada da Gávea. "A Rocinha é 1 milhão de vezes maior do que a Estrada da Gávea.

sábado, 15 de novembro de 2014

EUA E CHINA FAZEM ACORDO ILUSÓRIO

Barack Obama e Xi Jinping anunciaram nesta quarta-feira (12/11) um acordo "histórico" para a luta contra a mudança climática, que incluirá reduções de suas emissões de gases do efeito estufa

Pequim e Washington também esperam que o pacto sirva de exemplo para o resto do mundo. A iniciativa, estipulada pelos presidentes Xi Jinping e Barack Obama, constitui o primeiro anúncio de corte das emissões de gases poluentes por parte da China.

O país asiático se comprometeu a reduzir as emissões a partir de 2030, quando seus níveis alcançarão seu máximo. Com isso, Xi anunciou que, até lá, 20% da energia produzida em seu país vai ter origem em fontes limpas e renováveis

Xi, no entanto, não comentou o percentual da redução que a China deve estipular como meta. Já os EUA diminuirão entre 26% e 28% de suas emissões até 2025 em relação aos níveis de 2005, o que representa um número duas vezes maior que as reduções previstas entre 2005 e 2020.

Xi e Obama fizeram o anúncio durante uma entrevista coletiva no Grande Palácio do Povo de Pequim, após dois dias de reuniões na capital chinesa, nas quais repassaram todos os níveis de suas relações, com o acordo sobre mudança climática como principal resultado tangível.

"Trata-se de um acordo histórico", destacou Obama, que acrescentou que o objetivo dos EUA é "ambicioso, mas alcançável". Além disso, o chefe de Estado americano comentou que o pacto é "um marco importante nas relações entre Washington e Pequim".

O presidente da China ressaltou que os dois países estabeleceram "um novo modelo para as relações entre potências" e comemorou o nível de entendimento entre os dois governos. O acordo, que foi negociado durante meses pelos dois países, pretende promover um pacto em nível global, visando a Conferência sobre Mudança Climática que acontecerá em Paris no ano que vem.

"Temos uma responsabilidade especial para liderar um esforço global contra a mudança climática", afirmou Obama, que lembrou que os Estados Unidos e a China são "as duas maiores economias, os maiores consumidores de energia e os maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo".

Para cumprir com seu objetivo de produzir 20% de energia a partir de fontes limpas, a China terá que aumentar a geração desse tipo em entre 800 e mil gigawatts, uma quantidade superior à capacidade atual de suas usinas de carvão e equivalente a quase toda a energia produzida nos EUA.
LEI O ACORDO PRA OS OUTROS CUMPRIREM.

Barack Obama e Xi Jinping anunciaram nesta quarta-feira (12/11) um acordo "histórico" para a luta contra a mudança climática, que incluirá reduções de suas emissões de gases do efeito estufa

Pequim e Washington também esperam que o pacto sirva de exemplo para o resto do mundo. A iniciativa, estipulada pelos presidentes Xi Jinping e Barack Obama, constitui o primeiro anúncio de corte das emissões de gases poluentes por parte da China.

O país asiático se comprometeu a reduzir as emissões a partir de 2030, quando seus níveis alcançarão seu máximo. Com isso, Xi anunciou que, até lá, 20% da energia produzida em seu país vai ter origem em fontes limpas e renováveis

Xi, no entanto, não comentou o percentual da redução que a China deve estipular como meta. Já os EUA diminuirão entre 26% e 28% de suas emissões até 2025 em relação aos níveis de 2005, o que representa um número duas vezes maior que as reduções previstas entre 2005 e 2020.

Xi e Obama fizeram o anúncio durante uma entrevista coletiva no Grande Palácio do Povo de Pequim, após dois dias de reuniões na capital chinesa, nas quais repassaram todos os níveis de suas relações, com o acordo sobre mudança climática como principal resultado tangível.

"Trata-se de um acordo histórico", destacou Obama, que acrescentou que o objetivo dos EUA é "ambicioso, mas alcançável". Além disso, o chefe de Estado americano comentou que o pacto é "um marco importante nas relações entre Washington e Pequim".

O presidente da China ressaltou que os dois países estabeleceram "um novo modelo para as relações entre potências" e comemorou o nível de entendimento entre os dois governos. O acordo, que foi negociado durante meses pelos dois países, pretende promover um pacto em nível global, visando a Conferência sobre Mudança Climática que acontecerá em Paris no ano que vem.

"Temos uma responsabilidade especial para liderar um esforço global contra a mudança climática", afirmou Obama, que lembrou que os Estados Unidos e a China são "as duas maiores economias, os maiores consumidores de energia e os maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo".

Para cumprir com seu objetivo de produzir 20% de energia a partir de fontes limpas, a China terá que aumentar a geração desse tipo em entre 800 e mil gigawatts, uma quantidade superior à capacidade atual de suas usinas de carvão e equivalente a quase toda a energia produzida nos EUA.

Um mundo melhor através da educação


A com esse olhar que o mineiro Flávio Tófani fundou um projeto social, que já levou palestras, oficinas gratuitas e capacitação profissional para mais de 50 mil pessoas


Gustavo Andrade/Odin
O "tio" surgiu dentro da sala de aula, há mais de duas décadas. Desde então, Flávio Tófani, de 41 anos, vem utilizando o apelido carinhoso como marca. Em 2010, ele resolveu batizar de Tio Flávio Cultural* o projeto social que criou. Professor e coordenador de programas de pós-graduação, Tófani queria levar o conhecimentotambém para quem não frequenta as universidades. 

Começou montando ciclos de palestras gratuitas com nomes como o psicólogo Osvaldo Argollo e a consultora em design Lígia Fascioni, que mora em Berlim. "Desde o início, o que faço é articular, colocar frente a frente quem pode ajudar e quem precisa ser ajudado." Foi assim quando convidou o palestrante motivacional William Caldas para falar sobre vendas para as atendentes de telemarketing do projeto assistencial Novo Céu, no Jardim Laguna. O trabalho das moças é fundamental para que a ONG, onde vivem 65 crianças e adultos portadores de paralisia cerebral, consiga doações. A Novo Céu é apenas uma das várias instituições beneficentes da região metropolitana cujo trabalho é desenvolvido com a contribuição do projeto Tio Flávio.

Outra frente de trabalho são os cursos gratuitos de qualificação profissional para adolescentes que participam de programas como o Jovem Aprendiz, o Plug Minas e o Rede Cidadã. "São tantas ações que fica até difícil contar", diz, orgulhoso, Tófani. "Não consigo ver uma saída para um mundo melhor que não seja através da educação."

Sempre em busca de novos desafios, tio Flávio está agora envolvido com ações dentro de quinze presídios mineiros, em parceria com a Associação de Proteção e Amparo ao Condenado (Apac). "Minha função é fazer com que esses homens e mulheres condenados pela Justiça possam trabalhar dignamente quando voltarem à liberdade", afirma ele. 

Além de palestras, o professor oferece cursos e oficinas aos detentos. Toda segunda-feira, por exemplo, os chefs Américo Piacenza e Jaime Solares dão aulas de culinária na Apac, de Nova Lima. "O mais bacana é começar um projeto e ver outras pessoas abraçando a causa."

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

68% das maiores empresas enxergam riscos relacionados à água

Vanessa Barbosa / Portal Exame - 12/11/2014 às 10:58

Praticamente todas as empresas consomem água em seu processo produtivo, de forma que a escassez do recurso, a má qualidade ou os custos elevados de captação podem comprometer a própria oferta de bens e serviços. É uma relação fácil de entender, porém negligenciada nas estratégias de negócio por muito tempo. Não mais.
Dois terços das maiores empresas do mundo já relatam preocupação com riscos associados à gestão da água, que poderiam afetar substancialmente suas atividades, operações e receitas.
É o que mostra o último relatório global sobre água produzido pelo CDP, organização internacional que atua junto a investidores e companhias de todo o mundo para prevenir as mudanças climáticas e proteger os recursos naturais.
Enquanto 68 por cento das empresas que responderam à pesquisa acreditam que a água é fator de risco para seus negócios, 22% disseram que as questões em torno do recurso podem limitar seu crescimento.
A análise baseia-se nos dados de gestão da água de 174 empresas listadas na FTSE Global 500 Equity Index, índice que reúne as 500 companhias com maior capitalização na Bolsa de Valores de Londres.
O levantamento foi feito a pedido de 573 investidores institucionais que, juntos, somam 60 trilhões de dólares em ativos, refletindo uma crescente atenção dos acionistas para os desafios da água.
grafico
Para quase metade (43%) das empresas, os riscos relacionados à água deverão ter um impacto nos próximos três anos – resultando, por exemplo, no encerramento das operações, prejuízo à imagem e redução de valor para o acionista. Um terço delas acredita que osefeitos serão sentidos em menos de um ano.
Além disso, o relatório destaca que as pressões de água serão mais fortemente sentidas nos mercados emergentes, onde as empresas vêem novas oportunidades de crescimento, como o Brasil, China, Índia e México. As empresas que não gerirem bem o recurso podem rapidamente encontrar-se em desvantagem competitiva.
Felizmente, elas já começam a responder a este risco. Três quartos das companhias disseram avaliar como a qualidade e a quantidade da água afetam sua estratégia de crescimento. Na lista estão gigantes como a Diageo, a H&M, a Merck e a Unilever.
Essa mudança vem acompanhada de uma nova abordagem: para 62% dos entrevistados, a água deixou de ser um problema operacional, restrito a decisões setoriais, e passou a ser discutido no nível de diretoria. Essa taxa era de 58% em 2013.
Atualmente, segundo o relatório, a grande maioria das empresas (90%) integra a água em suas estratégias de negócios e 82% possuem metas de ajustes para reduzir o consumo do recurso.
No entanto, apesar da mudança de postura, quarenta e dois por cento das empresas solicitadas pelos investidores a divulgar informações relacionadas com os riscos de água não o fizeram. Conforme a pesquisa, as empresas de energia têm o menor nível de divulgação.
Crédito da foto: wester/Creative Commons/Flickr

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

O MEIO AMBIENTE DO BRASIL ANTES E DEPOIS DE MARINA SILVA

A ministra que conferiu legitimidade ao Ministério do Meio Ambiente deixou o cargo por incompatibilidade com a política de desenvolvimento do país. Leia sobre sua trajetória, os impasses com outros ministérios e as polêmicas em torno da escolha do novo ministro, Carlos Minc

A GOTA DÁGUA
Caro presidente Lula,
venho, por meio desta, comunicar minha decisão em caráter pessoal e irrevogável, de deixar a honrosa função de ministra de Estado do Meio Ambiente, a mim confiada por Vossa Excelência desde janeiro de 2003. Esta difícil decisão, senhor presidente, decorre das dificuldades que tenho enfrentado há algum tempo para dar prosseguimento à agenda ambiental federal (...).
A carta de demissão enviada pela então ministra Marina Silva ao presidente Lula, no último dia 13 de maio, pôs fim a uma gestão marcada pelo esforço de inclusão do desenvolvimento sustentável na agenda federal. Em seus quase cinco anos e meio como titular da pasta do Meio Ambiente, Marina Silva (PT - AC) enfrentou conflitos com a ala desenvolvimentista do governo e se pautou, sobretudo, pela defesa da floresta amazônica, região onde nasceu e viveu até a adolescência.
Marina começou sua trajetória política como vereadora de Rio Branco, em 1988, depois foi deputada estadual do Acre (1990 - 1994) e senadora da República também pelo Estado do Acre (1995/2002). O reconhecimento internacional ficou estampado na inclusão de seu nome na lista das 50 pessoas que poderiam salvar o planeta, divulgada em janeiro deste ano pelo jornal The Guardiane numa relação das dez pessoas que mais lutam pelo ambiente no planeta, anunciada, em 2006, por outro jornal britânico, o The Independent.
Entenda o significado da demissão de Marina Silva para o Brasil, os motivos que a levaram a tomar essa atitude, a repercussão internacional do fato e o processo de transmissão de cargo para o ex-secretário estadual do meio ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc (PT-RJ).
RETROSPECTIVA

PosiçõesEm dezembro de 2002, alguns dias antes de ser confirmada como a ministra que assumiria o Ministério do Meio Ambiente, Marina já dava sinais de como seria a sua administração: uma carta à Campanha Por um Brasil Livre de Transgênicos iniciativa de dezenas de entidades, entre elas o Greenpeace assegurava seu comprometimento em dar seqüência ao projeto de lei apresentado no Senado, por meio do qual pretendia decretar moratória para o comércio e a importação de produtos e sementes geneticamente modificados.
Embora tenha mantido sua posição pessoal, no primeiro semestre de 2005, a Lei da Biossegurança que possibilita o plantio comercial das sementes foi aprovada, enquanto a ministra ainda pleiteava mais estudos sobre os impactos ambientais dos transgênicos. Na época, Marina havia conseguido que a Lei exigisse a aprovação de dois terços dos 27 membros da CTNBio - Comissão Técnica Nacional de Biosegurança, conjunto de ministérios que julga os pedidos de plantio de transgênicos para a liberação do plantio.
O que era uma vitória parcial se tornou uma derrota definitiva para a ministra, quando, no início de 2007, o presidente Lula aprovou a mudança na regra de aprovação na CTNBio, reduzindo a exigência de votos para a maioria simples - 14 favoráveis.
Ganhos A criação de áreas de defesa e de proteção ambiental pode ser considerada uma das grandes conquistas de Marina. Entre outras ações, o governo federal criou, em novembro de 2004, duas reservas extrativistas em regiões de conflito no Pará. O decreto estabeleceu a proteção de 2 milhões de hectares - área quase equivalente ao estado de Sergipe - em Porto de Moz e Altamira, cidades localizadas no Arco do Desmatamento.
Outra conquista, em março de 2005, foi a criação de um corredor ecológico de 412 mil hectares que ligava os parques da Serra da Capivara e da Serra das Confusões, ambos no sertão do Piauí. A medida preservava o bioma da Caatinga e o patrimônio arqueológico da região.
Impasses Os desgastes políticos da equipe de Marina Silva se acentuaram no segundo mandato do presidente Lula. Em 2007 e 2008, o carro-chefe econômico do governo, o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento, exigiu uma dinâmica política que não se refletiu nas ações do Ministério do Meio Ambiente.
Jefferson Rudy/MMA
Ex-ministra Marina Silva
Além de desavenças com a mãe do PAC, Dilma Rousseff, ministra-chefe da Casa Civil, Marina enfrentou críticas públicas de Lula quando a demora na emissão de licenças ambientais atrasou a construção de duas hidrelétricas no rio Madeira, em Rondônia. Nesse caso, Marina respondeu ao presidente em uma cerimônia pública, alegando que não havia sido fácil considerar todas as questões ambientais envolvidas no processo de licenciamento.
Na ocasião, ela reafirmou sua posição que lhe dera o título irônico de ministra do bagre uma alusão à polêmica sobre as espécies de peixes que poderiam ser extintas com a construção das usinas.
Crise
Os grandes desgastes decorreram da maior preocupação da ministra: a defesa da Amazônia. Em 2005, os índices de devastação da floresta renderam-lhe um dos momentos mais delicados de seu governo. Na época, a divulgação da segunda maior taxa de desmatamento da história da Amazônia desde que as monitorações do INPE -Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais tiveram início, em 1988 fez com que ONGs e entidades ambientais criticassem o Plano de Prevenção e Combate ao Desmatamento, criado pelo governo sob a imagem de uma proposta que reunia 13 ministérios sob a gerência da Casa Civil.
Os números apontavam que 26,1 mil km² de floresta amazônica - quase o tamanho do estado de Alagoas - haviam sumido do mapa entre 2003-2004 (confira estimativas definitivas do INPE aqui). Questionada, Marina Silva foi a público dizer que isso representava mais de 6% de aumento no ritmo de desmate em relação ao biênio anterior. Entretanto, para a ministra, o fato não comprometia o Plano, porque o desmate fora captado quando o projeto tinha apenas alguns meses de implementação. Ela ainda apontou que uma parcela de culpa era do povo brasileiro, que consumia produtos sem se preocupar com a devastação da floresta, e usou como exemplo a compra de madeira de origem desconhecida.
Os dados alarmantes de desmatamento voltaram à tona no começo deste ano. O INPE informou, em janeiro, que o Deter - Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real registrara a derrubada de 3.235 km² de floresta na Amazônia, nos últimos cinco meses de 2007. De posse das informações, a ministra agravou o anúncio ao dizer que o Ministério do Meio Ambiente acreditava que o desmate real do período chegasse a mais que o dobro anunciado pelo INPE: 7 mil km². Marina Silva ainda apontou como prováveis causas da aceleração do desmatamento a pressão por aumento da produção de soja e carne, commodities cujos preços haviam subido.
Tratava-se de uma indicação clara sobre a dificuldade do país em manter a queda no desmate verificada nos biênios 2004-2005 e 2005-2006, pois o aumento da devastação teria ocorrido mesmo em época chuvosa, quando tradicionalmente diminui a ação das motosserras. Em um dos impasses finais como ministra, Marina foi advertida por Lula pela divulgação dos dados: em um almoço no Itamaraty, o presidente definiu as estimativas feitas pelo INPE como um tumorzinho que, antes do diagnóstico, fora tratado como câncer, pois os cálculos se baseavam apenas em parte das imagens captadas da floresta amazônica. Ao expor o problema, a ministra não enfraquecia somente as ações do seu ministério, mas apontava um problema interno da gestão de Lula.
DesfechoAnalistas e mídia têm apontado como fator determinante para o pedido de demissão de Marina o fato de o presidente Lula ter entregado ao ministro da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Roberto Mangabeira Unger, - e não ao Ministério do Meio Ambiente - a coordenação do PAS - Plano Amazônia Sustentável, programa lançado no último 08 de maio.
O QUE MARINA REPRESENTOU

José Goldemberg, que já ocupou os cargos de Secretário da Ciência e Tecnologia do governo federal (1990-1991), ministro da Educação (1991-1992) e Secretário do Meio Ambiente do estado de São Paulo (2002-2006) e hoje é professor da USP Universidade de São Paulo, avalia que, de modo geral, Marina Silva defendeu teses corretas de sustentabilidade, mas a estrutura do seu ministério foi pouco ágil e não conseguiu dar prosseguimento às propostas. Como exemplo, ele cita os prazos de três ou quatro anos que o Ibama Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis chegou a levar para o licenciamento de obras públicas.
Divulgação
José Goldemberg
Para o professor, é evidente que, desde que assumiu a pasta do Meio Ambiente, Marina Silva lutou para que o desenvolvimento sustentável fizesse parte da política do governo federal. Mais de cinco anos depois, seu pedido de demissão atesta claramente que a ministra não alcançou sua meta e, frente às pressões dos setores desenvolvimentistas do governo, preferiu deixar o ministério.
Transversalidade
Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace-Brasil, compartilha da opinião de Goldemberg. Ele diz que a então ministra sempre defendeu uma abordagem de transversalidade, de modo que o assunto meio ambiente não se limitasse ao ministério, mas perpassasse todos os setores do governo. A agenda ambiental deveria fazer parte da política de desenvolvimento do Brasil. Aliás, essa foi uma tendência que se concretizou em diversos países como uma abordagem política moderna. Hoje, os grandes líderes mundiais não se fazem presentes em eventos que não tragam as questões ambientais em seu discurso e em suas ações.
O diretor critica a discordância entre os ministérios no Brasil fato que acabou provocando o desgaste de Marina com outras pastas do governo. Há os que defendem a preservação e outros, a exploração da Amazônia. Isso demonstra uma ambigüidade do que é o projeto de governo para a região.
Sobre a escolha de Mangabeira Unger para estar à frente do PAS, Marcelo disse que era de se esperar que um programa complexo e estrutural para a Amazônia fosse multiministerial. No entanto, sua coordenação deveria ficar sob responsabilidade doMinistério do Meio Ambiente que possui a competência -, ou, idealmente, da Casa Civil que tem o poder de articular todos os ministérios. O ministério de Mangabeira não possui nem a competência, nem o poder. Sua nomeação demonstrou o descaso do governo com as questões ambientais e a falta de prioridade para a causa amazônica.
MudançasA saída de Marina Silva serviu, ao menos, para chamar a atenção para as decisões ambientais no país. Furtado, do Greenpeace, aponta três questões relevantes neste fato:
Greenpeace/R. Baleia
Marcelo Furtado
- Foi a figura icônica de Marina que garantiu legitimidade ao Ministério do Meio Ambiente e à agenda ambiental brasileira;
- Ficou claro que as questões ambientais não fazem parte da política de desenvolvimento do país, que prioriza o crescimento sustentado em vez do desenvolvimento sustentável; e
- Sai de cena a fiel depositária da confiança internacional, conquistada através de sua trajetória e da contribuição para a formação de uma cultura socioambiental no país. Mesmo que o Brasil apresentasse uma má gestão e altos níveis de desmatamento e poluição, havia uma líder de visibilidade nacional e internacional à frente do ministério.
Sobre esse último ponto, Marcelo acredita que será reaberta, na cabeça dos consumidores estrangeiros, a dúvida em relação às atitudes do país quanto à preocupação exclusiva com o crescimento econômico. Com o aumento da produção de biocombustíveis e da exportação de carnes e grãos, os olhos internacionais devem ficar mais atentos à expansão das produções rumo às fronteiras amazônicas.
CREDIBILIDADE INTERNACIONAL ABALADA

Grandes veículos internacionais de comunicação repercutiram o pedido de demissão de Marina e foram unânimes em ressaltar sua dificuldade em cumprir a agenda ambiental e os embates que travou com setores desenvolvimentistas do governo. A maioria deles também cita a origem humilde da ex-ministra, filha de seringalistas, a convivência com Chico Mendes e seu comprometimento com o meio ambiente.
BBC chamou Marina Silva de fiel defensora da floresta amazônica, citou ambientalistas que afirmam que o Brasil deu um passo para trás na questão das florestas e relacionou o aumento do desmatamento na Amazônia à criação de gado. Na notícia, também se salientaram as dificuldades impostas por Marina à construção de hidrelétricas na Amazônia, a nomeação de Unger como coordenador do PAS, a autorização do governo para cultivo de transgênicos e a possível liberação de Angra 3. O texto é claro ao dizer que o presidente Lula deve estar mais preocupado com o desenvolvimento econômico do país do que com o meio ambiente (Leia a reportagemBrazil's Amazon minister resigns).
The Guardian apontou Marina como uma grande aliada contra a destruição das florestas brasileiras e uma espécie de ícone que demonstrava as boas intenções do Brasil em relação ao meio ambiente. O jornal ainda citou a saída do presidente do IBAMA, Basileu Margarido. Em fala de Sérgio Leitão, diretor de política pública para o Greenpeace-Brasil, a notícia atribui a saída da ministra à pressão do governo para afrouxar a concessão de créditos aos fazendeiros que desmatarem. O The Guardian reproduziu uma frase dita por Marina à publicação em 2004: Aprendendo com a História, podemos encontrar uma equação que consiga balancear a necessidade de preservar e a necessidade de desenvolver. Tentativa que Sérgio Leitão considerou derrotada (Leia a reportagem Fears for Brazil rainforest after environment minister quits).
No The New York Times, Marina foi chamada de renomada defensora da floresta no Brasil. O jornal falou sobre a falta de suporte que a ministra obteve para proteger a Amazônia e sobre sua posição contrária aos lobbies desenvolvimentistas. Eles também citaram o lamento dos ambientalistas, que consideram ter perdido a maior aliada para a proteção do pulmão do mundo. A reportagem ainda afirmou que, segundo especuladores, Lula já queria demiti-la, mas ficou com medo de que Marina Silva ganhasse status de mártir. Para o The New York Times, a presença de Marina no ministério foi o que contribuiu para que o presidente Lula tivesse voz nas discussões internacionais sobre mudanças climáticas e disse que ceder às pressões do agronegócio vai custar muito caro ao país. O jornal ainda lembrou que Marina volta ao senado para reunir forças políticas e continuar lutando pelas causas ambientais (Leia a reportagem Stagnation Made Brazils Environment Chief Resign).
Para a agência Reuters, Marina é a campeã do movimento verde desprezada pelos grandes agricultores e sua demissão demonstra que Lula está mais preocupado com o crescimento econômico e a exportação de commodities. Eles também apontaram o fato como um possível retrocesso na ambição brasileira de conquistar mais voz nas discussões internacionais sobre meio ambiente (Leia a reportagem Amazon defender quits Brazil environment post).
A ESCOLHA DO NOVO MINISTRO

Depois que a carta da ex-ministra chegou às mãos de Lula atitude que ele considerou espetaculosa -, o presidente cogitou substituí-la por Jorge Vianna, ex-governador do Acre, estado que faz parte da Amazônia Legal.
Após se reunir com Vianna, que não manifestou publicamente se havia aceitado ou não o convite do presidente, Lula ligou para Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, para convidar Carlos Minc, então secretário estadual do meio ambiente do Rio, para ocupar o posto.
De Paris, onde cumpria agenda política internacional, Minc recusou o convite prontamente, segundo ele, a pedido de Sérgio Cabral. No entanto, depois de um novo telefonema de Lula, ele aceitou o cargo.
Performático
Desde que se tornou o futuro sucessor de Marina, Minc já chamou a atenção da mídia em diversas ocasiões. A começar pela maneira como chegou para sua primeira reunião com o presidente, sem terno e com dez exigências que depois foi orientado a chamar de propostas e pelas seis entrevistas coletivas que concedeu antes de falar com Lula.
Jefferson Rudy/MMA
Ministro Carlos Minc
Na conversa com o presidente e Dilma Roussef, Minc propôs convocar o exército para tomar conta da Amazônia, idéia que não foi acatada. Lula sugeriu a criação de uma Guarda Nacional para agir em casos excepcionais. Na verdade, a Força Aérea Brasileira já faz um monitoramento diário na região com aeronaves de última geração, desde 2002, e envia dados sobre desmatamentos, incêndios, reservas florestais e indígenas, grilagem de terras, mineração etc, em tempo real, a setores especializados da Casa Civil e do Ministério da Defesa.
Carlos Minc também pediu a liberação da verba do Ministério do Meio Ambiente que está contingenciada e é proveniente dos royalties pagos pelo setor petroleiro e pelas hidrelétricas e empresas de saneamento para o uso da água. O presidente disse que o dinheiro será liberado aos poucos, mas não definiu valores ou prazos. O ex-secretário estadual do meio ambiente do Rio de Janeiro já havia reclamado da falta de verbas em almoço com Marina e nas entrevistas que concedeu.
Minc ainda queria a substituição de Mangabeira Unger por Jorge Vianna, como coordenador do PAS, ou a criação de uma coordenação local que ficasse a cargo de Vianna. Lula nem cogitou o assunto.
Além disso, o então futuro ministro falou que vai manter o rigor na liberação de créditos aos agricultores, disse que quer aumentar a abrangência do saneamento básico de 35% para 75% da população, criar um centro de combate a crimes ambientais e descentralizar e desburocratizar o licenciamento ambiental.
Desafios
Minc é um antigo ativista que marchou pelas causas ambientais, contra as usinas nucleares, os transgênicos e a poluição. Ele tem credenciais para ocupar a cadeira de ministro, afirma Marcelo Furtado, diretor de campanhas do Greenpeace-Brasil. O problema é que ele foi nomeado para que as questões ambientais não sejam uma pedra no sapato do desenvolvimento, completa.
Furtado acredita que o licenciamento ambiental, de fato, é um processo que precisa se tornar menos burocrático, mas é importante que ele não se desambientalize. Segundo ele, ouvir o novo presidente do Ibama, Roberto Messias, anunciar, antes mesmo de tomar posse, que as obras do PAC são a espinha dorsal do país e que a usina de Angra será liberada, induz o povo a acreditar que existe uma aprovação prévia para tudo isso. Essa atitude preocupa os ambientalistas, porque esses projetos podem ter impactos para os quais a sociedade brasileira diria não.
Segundo Marcelo, é possível conciliar desenvolvimento e preservação. Um exemplo disso seria a proposta de Desmatamento Zero - apresentada por Minc -, que engloba ações de comando e controle para garantir a governança na Amazônia e estimular a permanência da floresta em pé, não sua derrubada. O problema é que na Amazônia o setor agropecuário ainda opera de maneira feudal, usando, inclusive, o padrão da bala, da grilagem de terras e do assassinato. O setor possui bons atores, mas também abriga muitos bandidos. Na hora de separar o joio do trigo, vamos ver quem fala mais alto nas decisões políticas do país.
No final das contas, o desafio de Minc continua sendo o mesmo de Marina: inserir a agenda da sustentabilidade na política de desenvolvimento do país.
PosseNa tarde do dia 27 de maio, ocorreu no Palácio do Planalto a solenidade de posse do novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Em fala extrovertida, o presidente Lula defendeu a preservação ambiental e tentou afastar os rumores de desavenças entre ele e a ex-ministra da pasta, não poupando elogios a Marina Silva: Olhar para a tua cara é olhar para o meio ambiente do país, é olhar para a cara de quem quer a preservação.
Lula se disse agradecido pelo que a ministra realizou nos cinco anos e meio de governo e ressaltou que não está colocando um estranho no lugar de outro, pois sabe que tanto Marina Silva quanto Carlos Minc são militantes ambientais. A única diferença entre os dois é que Marina acorda de manhã e vê pela janela, no Acre, a Floresta Amazônica, enquanto Minc enxerga a praia de Copacabana.
Segundo o presidente, uma das maiores contribuições da ex-ministra ao governo foi a lição da transversalidade: Às vezes sentamos 19 ministros numa mesa para decidir um tema como a transposição do São Francisco. Antes de encerrar a sessão, o presidente ainda aconselhou o novo ministro: Quando tiver alguma dúvida, não tenha vergonha em pegar o telefone e ligar para a Marina.
Marina Silva pode até ter inserido o conceito de transversalidade no vocabulário do governo, mas ele ainda está longe de se concretizar na prática. O professor José Goldemberg pontua que essa fala "é apenas uma figura de retórica", pois o pedido de demissão da ministra é fruto do confronto entre ministérios e do fato de que a política ambiental não ocupa espaço de importância no governo.
A atual troca de gentilezas entre Carlos Minc e o governador do Mato Grosso, o ruralista Blairo Maggi (PR), sobre a situação do desmatamento no estado, demonstra que a richa interministerial vai continuar e que as preocupações de Lula são outras. Como sugere a declaração de um auxiliar do presidente ao jornal O Estado de S. Paulo (Lula intervém em crise com MT) sobre a impaciência de Lula diante das discussões de Minc e Maggi: Será que esses dois não percebem que isso prejudica a imagem do País lá fora, justamente num momento tão bom para os nossos negócios?.