As favelas brasileiras não aparecem no Google Maps. Mas isso começa a mudar com a geolocalização de ruas, vielas, becos e do comércio da Favela da Rocinha, no Rio De janeiro. Conheça o projeto digital Tá no Mapa!
Encontrar a casa da jovem Mariana Queiroz na comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, não é nada fácil. O visitante deve pegar uma mototáxi ou uma van até a rua 1. De lá, seguir por um caminho chamado Terreirão. Subir até encontrar a creche da dona Elisa. Continuar subindo até a escola Ibi. Depois, é só perguntar a qualquer pessoa que esteja passando onde mora a Mariana e ter a sorte de a indicação estar correta. É usando referências como essas que muitos moradores da Rocinha explicam como chegar a um endereço.
Mas Mariana tem a oportunidade de ajudar a mudar isso. Ela faz parte do projeto Tá no Mapa!, uma iniciativa do grupo cultural AfroReggae* em
Com óculos de sol, tênis confortáveis e um
Para colocar uma área no mapa é preciso tirar uma foto com o celular e inserir informações básicas, como nome da rua, no Map Maker Mobile Buddy, aplicativo para
O Tá no Mapa! foi lançado no início de 2013, com testes em Parada de Lucas, comunidade com mais de 20 mil habitantes na zona norte do Rio de Janeiro. Com o slogan "Quebrando o muro entre a favela e a cidade", o projeto busca integrar e reconhecer essas áreas como parte da cidade. "Os moradores vivem aqui há gerações, e o fato de saber que estão sendo referenciados numa ferramenta global passa uma sensação de reconhecimento", afirma Renato Herzog, integrante do AfroReggae e coordenador do projeto. "Mas para mapear as áreas é preciso ter pessoas que saibam circular pela região. O AfroReggae tem esse poder de articulação com as lideranças locais e identificou essas pessoas." A previsão é que o mapeamento dure cerca de dois meses e meio.
Foi depois da experiência em Parada de Lucas que o AfroReggae ganhou o apoio do Google para mapear outras comunidades. Referência em ações de inclusão nas favelas cariocas, a
A Rocinha é uma das maiores favelas da América Latina. A associação dos moradores estima que sejam mais de 180 mil os habitantes, confinados em 878 mil metros quadrados que fazem limite com os bairros da Gávea, de São Conrado e do Vidigal. Em suas ruas há um intenso movimento de carros, caminhões e motos, como o que acontece no comércio das grandes cidades. "Estava praticamente sozinho nesta rua", diz Raimundo Moacir, que abriu a primeira loja em 1974, no Caminho do Boiadeiro. Hoje dono de uma loja de calçados e roupas chamada Itatira, Moacir está cercado de novos empreendimentos. Um ponto comercial na região pode custar até 5 mil reais por mês.
Apesar de toda a atividade comercial, e de ter conquistado o status de bairro em 1993, quem procura por "Rocinha" no Google Maps encontra um espaço praticamente em branco, com destaque apenas para uma rua principal, a Estrada da Gávea. "A Rocinha é 1 milhão de vezes maior do que a Estrada da Gávea.
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