Após a desarticulação do movimento socialista internacional com a queda do Muro de Berlim, parece que novos tempos chegaram. O marco mais importante, sem dúvida alguma, foi a criação do Fórum Social Mundial (FSM). A aglutinação de todos os segmentos sociais sem os sectarismos das internacionais socialistas foi muito importante. Na prática, o FMS tornou-se o locus intelectual e moral contra o atual status quo capitalista. Da esquerda “light” até os movimentos mais radicais, todos puderam ser representados no FMS.
O FSM foi um grande sucesso em suas duas versões. Porém fica uma dúvida: os fóruns se perpetuarão somente como grandes encontros da esquerda mundial? Algo como grandes “seminários” de debates de nossos competentes intelectuais? Ou podemos ser enquanto movimento uma alternativa real na construção de um “norte” para a luta contra o capitalismo?
"Da esquerda “light” até os movimentos mais radicais, todos puderam ser representados no FMS".
Minhas indagações ocorrem em virtude da necessidade de um salto qualitativo no enfretamento da globalização neoliberal. Torna-se necessário uma articulação mais efetiva com propostas gerais e comuns a todos os grupos que estão na luta contra o capitalismo em sua forma neoliberal.
É verdade que, quanto maior o movimento mais interesses e características específicas encontramos. Porém, devemos tentar encontrar esta plataforma de ação comum. O ponto número 1 é: “somos contra o status quo globalizante e neoliberal que o capitalismo impõe a todo o planeta”.
A partir disso, podemos e devemos criar grandes áreas continentais e subcontinentais para o combate ao status quo dentro de uma estrutura de ação organizada. No momento não me lembro quem defendeu esta proposta, mas a criação de uma “internacional” seria muito importante.
Outro aspecto que merece uma preocupação maior é a definição do movimento: reformista ou de ruptura? O FSM pretende “humanizar” a globalização neoliberal ou propor um novo paradigma societário? Durante a Guerra Fria, o paradigma societário era o socialismo. E agora? Seria um “ecossocialismo libertário?” Com a palavra os nossos intelectuais.
Sem dúvida, depois dos 10 anos de refluxo do movimento socialista e da esquerda em termos mundiais, o século XXI aponta para uma movimentação. Na minha opinião da melhor forma possível: porque além dos socialistas e comunistas, podemos contar com os verdes, os ecossocialistas, as minorias, a Igreja, enfim um grande espectro.
"Outro aspecto que merece uma preocupação maior é a definição do movimento: reformista ou de ruptura? O FSM pretende “humanizar” a globalização neoliberal ou propor um novo paradigma societário?"
Creio que primeiro passo foi dado. São necessários mais passos. Por isso fica minha pergunta: para aonde queremos ir?
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